Hoje olhei para aquela rosa, aquela que ali guardo já seca e escurecida pelo tempo. E hoje vi. Vi os espinhos que tem. Preferia que os não tivesse e que voltasse ao vermelho aveludado que uma vez foi. Gostaria de saber se, apesar de seca, ela se sente regada, viva e acarinhada. Reparei também nas suas folhas estáticas e fragéis, sem vitalidade. Gostaria de as ver em movimento e preenchidas do verde esperança que outrora tiveram.
Aquela rosa aberta virada para a luz e para o mundo, para o meu mundo, entristeceu. Encolheu. Fechou. E murchou. Aos meus olhos pode até continuar com a mesma beleza, mas concordo que mudou, mudou muito. Poderia deitá-la fora hoje mesmo, ou até amanhã. Não o faço por uma simples razão, porque me pareceria uma despedida. Sim, hoje, amanhã ou até depois, separar-me daquela rosa seria como despedir-me de algo em que eu ainda não deixei de acreditar. Vou continuar com ela ali, até ao dia em que perceber que ela renasceu.
Que renasça enquanto eu continuar a sonhar...